Impressão 3D, inteligência artificial, internet das coisas. Do ponto de vista do uso em larga escala e viabilidade, nunca vimos a convergência de tantas tecnologias amadurecendo ao mesmo tempo. A era da indústria 4.0, ou 4ª revolução industrial, abre espaço para uma discussão que deve guiar os rumos da inovação e tecnologia nos próximos anos. “O que adianta termos essa abundância de tecnologias se não conseguimos entender o contexto de desenvolvimento humano?”. A provocação foi levantada por Vinícius David, que é executivo de tecnologia no Vale do Silício, durante encontro da Confraria de Desenvolvimento do Instituto Connect*. “É preciso pensar de que forma podemos transformar a exponencialidade humana nesse contexto”, diz.
Embora a oferta de tecnologia esteja cada vez mais disponível e acessível, o fator humano é ativo essencial para transformar essa tecnologia em inovação. Segundo pesquisa da Galupp, 87% da força de trabalho não está engajada ou feliz com o trabalho. O mesmo levantamento identificou que 97% das pessoas desengajadas não acreditam que seus trabalhos lhes inspirem a inovar. Ou seja, o sucesso da inovação está diretamente ligado ao engajamento das equipes.
Para Vinícius, o sistema será transformado pelas pessoas. E esse é o tema central da chamada 5ª Revolução Industrial. “A 5ª Revolução é a 4ª Revolução assumindo que o potencial humano está no epicentro de tudo”, explica. Sairá na frente, de acordo com o executivo, as organizações que conseguirem entender que toda essa abundância de tecnologia tem uma possibilidade enorme de exponencializar o potencial humano.
Entretanto, alguns obstáculos ainda travam o desenvolvimento dessa nova fase. “O que vemos ainda é que poucas são as empresas em que as pessoas estão na lista de prioridades. Por isso, percebemos que essa transformação está atrelada a uma mudança de cultura organizacional.” Vinícius, que mora há 15 anos no Vale do Silício, explica que o contexto humano e cultural são os diferenciais das grandes empresas que nascem na região.
Ele reforça que é preciso entender do que se trata essa cultura e como se mede essa personalidade coletiva, e aponta alguns caminhos:
Alta performance: o primeiro ponto a ser levado em conta é a reinvenção da definição de alta performance, genialidade e talento. Muitas empresas ainda operam em um modelo de produtividade fabril, de padronização. “Isso desperdiça o talento criativo dos colaboradores. O sistema é limitador do potencial humano, e o que queremos é que as pessoas pensem fora da caixa.”
Para ele, a falha pode ser observada já nos processos de contratação. “A gente fala muito que para ser inovador, é preciso ser tolerante ao risco, aceitar as falhas. Mas as empresas seguem buscando e estimulando uma contratação com base em entregas. O que precisamos é de pessoas com vontade de se desenvolver, de experimentar e de encarar desafios.”
Não invente, reinvente: Vinícius reforça que muitas pessoas associam inovação à invenção, mas que na verdade trata-se muito mais de um processo de reinvenção. “As pessoas acham que inovação é inventar algo completamente novo, mas isso é muito difícil de acontecer. A inovação é muito mais sobre você recriar 100% um produto ou mudar o modelo estabelecido de um serviço. Hoje, a tecnologia virou commodity. Uma impressora 3D, por exemplo, só vai ter relevância se você a usar para transformar o produto que você tem.”
Invista na diversidade e na inclusão: empresas que apoiam e promovem iniciativas pela diversidade criam um ambiente mais propício à criatividade e inovação. “Ambientes com diversidade possibilitam mais trocas e conexões, o que favorece a inovação. Isso faz com que empresas com esses valores tenham mais possibilidade de sucesso.”
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